sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Boas Festas !

Amigos e visitantes,

Ao longo do curto mas intenso tempo que existimos na blogosfera como Vasikate va Moçambique, fizemos amizades que guardamos com muito carinho. Caminhamos rapidamente para o fim de um longo ano recheado de vitórias e derrotas, bons e maus momentos.

Para nós, Vasikate, Avid, Mitumwane, Yndongah e Ximbitane, este ano foi o da realização, não de um sonho, mas da fé e da esperança de que com as nossas palavras, sentimentos e vivências, individuais ou colectivas, é possivel fazer algo de e para a Mulher.

Agradecemos a cada um de vocês, em particular os habitués do Vasikate va Moçambique, pelo carinho e colaboração em ideias e pensamentos que enriqueceram os debates e, esperamos francamente, novas formas de pensar.

Feliz Natal e Prospero Ano Novo
Bem hajam todos!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Farmacia ambulante


O ano corre a passos largos para o seu fim e brevemente, muitos partirão em merecidas férias. Alguns, com alguma possibilidade e quiça sorte, poderão sair da lufa-lufa habitual, da cidade de Maputo, por exemplo, e se deslocar, dependendo das opções e possibilidades de cada um, quer para o campo ou para outra cidade.

Uma viagem, é sempre benvinda, mas, para além do preparo da mala, que deve ter em conta o clima e ambiente social para o qual vamos, da preocupação com as plantas, com o cachorro (para quem o tem e que com els não pode viajar), com a flat, etc., há que ter outros cuidados pois a velha máxima antes prevenir do que remediar, vale sempre.

Este ditado, faz recordar uma experiência de 10 anos atrás. Apesar de ter passado parte da infância no campo, nunca tinha tido o azar de ser “lambida” por uma lagarta peluda, que habita em arvóres, mabasso como chamamos, que à semelhança da vulgo garrafa-azul, na praia, ao passar pela pele provoca um acomichão infernal de fazer até chorar um homem de barba rija.

Na altura, a unidade sanitária mais próxima encontrava-se a 60 km, o que aumentava o meu desespero pessoal e dos que estavam próximo. Os experientes e sábios propunham mezinhas que não surtiam efeito para desespero de todos. A alergia, provocada pela passagem do bicho no pescoço, alastrava-se e a salvação veio de uma tia, doente crónica a quem chamamos, e com razão, farmácia ambulante, que facultou um antialérgico.

Durante a viagem e no local de destino, deve ter especial atenção com a qualidade e quantidade de água que consome e, claro, com a exposição ao sol (insoloração). Por força dos ambientes fechados nos nossos locais de trabalho, ainda que habituados ou lembrados dos longos períodos de exposição ao sol, brincando ou jogando, a nossa pele não tolera certos excessos.

Se viaja com crianças, especial e redobrada atenção deverá ter para além de que deve contar com imprevistos. Um antialérgico infantil, sais de hidratação oral (SRO) de preferência sem sabor, e se a criança tem crises frequentes, os habituais medicamentos que o ajudam nesses momentos devem constar da sua farmácia ambulante.

Desaconselha-se o uso de medicamentos, sem a devida prescrição médica, aliás recomenda-se que se procure sempre por orientação médica, mas há momentos em um paracetamol faz toda a diferença e, recomenda-se.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Mulheres e saltos altos

Como será possível alguém equilibrar-se assim? Os únicos homens que conheço que conseguem andar uns palmos acima do nível da terra trabalham em circos e são muito bem pagos para isso. Qualquer ser humano, que não depile as pernas e que saiba ler mapa de estradas, entraria, ao colocar-se em semelhantes andaimes, numa urgência hospitalar com 1 desvio de coluna, 3 traumatismos no cóccix e ainda uma luxação no tornozelo.
Mas elas não! Riem-se, cruzam as pernas e aviam os últimos dossiers, como quem come camarões com cerveja numa tarde ensolarada em Inhaca, depois terem palmilhados quase uma meia-maratona à procura da blusinha caqui que tão bem vai combinar com aqueles benditos sapatos.”

( Comentário encontrado na net sobre as mulheres e seus adorados saltos altos)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Depois do parto (2)


....O corpo

"Se u khoswiiiile awahaswitivi
leswi unga mu kumisa swone
A vele laaaakwe nalaha nyimile kwaaatsi
eh papai wa mina
kambi namuntla wa nhenhentsa!"(Alfredo Mulhui)


(Já te esqueceste, já não te recordas
como a conheceste
de seios firmes
oh meu pai
mas hoje ela já perdeu a graça)


Engane-se que pensa que começou com Lizah James (nuna wa mina anga koni, lepswi ninga kuluca anga ni djuli), já Alfredo Mulhui, cantor de renome no panorama de música ligeira moçambicana, cantava em suas baladas a postura dos homens em relação ao aspecto físico de suas companheiras, resultante das ‘naturais’ alterações ocorridas durante a gestação e nao só.

Durante a gravidez ocorrem alterações no corpo da mulher: A barriga cresce, o peito aumenta/cai, o corpo fica flácido enfim, sendo que depois do parto, recuperar a forma, nos dias de hoje, em alguns contextos e para certo tipo de mulher passou a ser uma prioridade.

Em média, durante a gravidez, a mulher aumenta entre 12 e 16 quilos e, no dia do parto, perde cerca de 6kg. Onde cerca 3kg são do bebé (atendendo que tenha um peso normal), cerca de 1.5kg são da placeta (membrana de envolve a água) e a própria água (líquido amniótico), finalmente cerca de 600g perdem–se com a hemorragia etc. E o resto? Como eliminar?

Não é toda mulher que consegue uma recuperação célere como a da Neyma... já vai na segunda cesariana e está com um corpitxo au point-bem, não sei a custa de quê, mas que está linda lá isso está!

O ideial seria que no primeiro ano após o nascimento do bebé, a mãe consiga voltar ao que era antes, porém nem sempre esse retorno ocorre, havendo até casos em que o peso aumenta, pois, o facto de estar a amamentar faz com que ela opte ou lhe seja recomendada uma dieta calórica de acordo com a sua realidade.

A pressão exercida pela sociedade, pelos maridos, amigos e colegas de trabalho nalguns casos ou por elas próprias entre outras, são as causas que fazem com que muitas mulheres clamem por uma recuperação rápida.


A recuperacao é importante nao só pela estética, como também por questões de saúde mesmo, penso que todos sabemos que o peso excessivo pode criar
outro tipo de complicacoes na saúde e não só.

Nao estou aqui a defender que existe um formato ideal/standard de corpo para toda a mulher, aliás, é importante salientar que para uma mãe, perder peso em pouco tempo tanto pode implicar a redução da qualidade do leite de peito, como a suspensão da amamentação, expondo assim os bebés a certos riscos.

Mais ainda, algo que muitas mulheres e homens não sabem, ou ignoram, é que a
amamentação não só é uma forma de alimentação vital para o bebé como nos primeiros seis meses após o parto, se a nutriz (mãe) estiver amamentando exclusivamente e não menstruar, a chance de engravidar é de apenas 0,5 a 2%, logo, é mais do que recomendável.

Portanto, deixo aqui o meu apelo aos homens, para que dêm um “toque” as companheiras sim, mas de forma carinhosa, evitem comentários redutores do tipo “hiiii tás muito gorda, enorme, não ficou um bebe ai???
Há quem diga que as mulheres tornam-se mais sexys depois de serem mães, eu concordo!

Ahh, não posso deixar de extender o apelo p’ras vasikates, principalmente as que costumam dizer “xiii amiga assim não dá faça qualquer coisa, vao te fugir lá em casa”.... O pós parto, nalguns casos, é um momento de muitas dúvidas na cabeça da mulher e, uma delas, é o medo de não poder voltar a ter a mesma aparência de antes.

Para o bem de toda família, é recomendável que depois do 1º. ano as mamãs começem a preocupar-se em resgatar os contornos de antes da gestação!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Para refrescar


Nestes dias quentes nada melhor que agraciar a família com uma sobremesa bem deliciosa e fresquinha, como sempre simples de preparar.

Ingredientes

1 ananás
500 ml de natas frescas
½ lata de leite
Castanhas trituradas para decorar

Preparação

1º. Descasque o ananás, corte-o ao comprido em tiras finas e reserve,
2º. Bata as natas até ficarem firmes e vá adicionando o leite em fio, envolva muito bem,
3º. Numa tigela disponha, as camadas começe pelo creme, de seguida ananás e termine com o creme,
4º Decore com ananás e a castanha triturada, leve a geleira por cerca de 1h, sirva fresco e bom apetite!

PS:Junte ao preparado o sumo que sair ao cortar o ananás.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Ser a "outra"



Eu sou a outra
Aquela que todos condenam
Que ao meu lado ele é feliz
Que tudo o que eu fiz, nunca falam
Se limitam a ofender-me
Lutam para me destruir
Meus sentimentos ignoram
Os meus olhos sempre choram
Na rua me chamam nomes
Trambiqueira, interesseira
Já dizem que eu não te amo
Que te engano com outros homens
Eu choro, eu choro
Minha mãe não me fala mais
Meus irmãos estou a perder
Eu choro, eu choro
Minha familia eu sacrifiquei
Por ti, meu grande, amor
(...)
Desculpem, sou eu
Eu sou a outra
Também mereço, ser feliz
Oh, meu Senhor, ai ai ai
Também mereço, ser feliz
Eu mereço ser feliz!

Eu sou a outra, by Matias Damásio


Ultimamente, na nossa sociedade, ter outra, pelo reconhecimento/aceitação das familias, logo das forças da vivas da sociedade, faz com que uma amante adquira um estatuto. Ser e ter amante perdeu muito do mítico peso que tinha como segredo. Hoje, interpretado como factor indicador de elevada masculinidade, ao contrário do que deveria ser, o homem adúltero é vangloriado.

No entanto, esta mais-valia, de ter amante, não é vista com a mesma dimensão se se tratar de uma mulher: nesse caso, logo, os bois são chamados pelos seus nomes próprios. Engraçado é que perante casos destes, mais do que nunca, a igualidade de direitos entre homens e mulheres é arrogantemente rejeitada pois “homem não pode carregar chifres, apenas montar um par deles”.

A cena clássica do homem casado prometendo para a amante que largará a esposa é a regra eterna desse jogo que raramente ou tardiamente acaba em separação ou divórcio, o que não impede que o caso extraconjugal continue. Apesar de não gostarem de ser a outra, muitas mulheres mantêm o relacionamento por vários motivos, como baixa auto-estima, interesse financeiro, esperança de que o amado se separe da esposa e, principalmente, pelo forte sentimento nutrido pelo parceiro.

Neste imbróglio, há que diferenciar as diferentes outras: a outra "vite fait" e a outra fixa. A outra "vite fait", traduzido rapidinha, serve apenas para satisfazer a libido masculina e aquelas fantasias que em casa são consideradas aberrações ou taras. Esta outra, muitas vezes, faz desse seu papel uma forma de lucrar algum e tem outro relacionamento para compensar o lado emocional.

A outra, a fixa designada, entre nós, Casa 2, é alguém que tendo começado como vite fait, acaba criando raízes sendo por isso merecedora de um relacionamento não só libidinoso como também afectivo. Muitas vezes, sendo que está é considerada segunda esposa, pelo homem, dessa relação surgem rebentos e o estatuto de Casa 2 cimenta-se com betão.

Muitas mulheres, embarcam nessa aventura com pleno conhecimento de causa, algumas até o fazem de propósito. Algumas justificam a sua participação neste tipo de relacionamento alegando que “há pouco ou quase nenhum macho à solta na praça”. Também há aquela velha máxima de que, em termos estatisticos, em Moçambique, “n” mulheres estão para um homem.

As esclarecidas ou que que já passaram por algum casamento, desempenham sem remorsos o papel de outra, pois nesse tipo de relacionamento dispensam a parte ruim do casamento, como cobranças e discussões. O factor “não compromisso”, não precisar dar satisfação e mesmo assim estar acompanhada do homem de quem gosta, são vantagens que elas teimam em acreditar plausiveis.

No entanto, há outras mulheres que desempenham esse papel, da outra, sem o saberem. Algumas vezes, por força da constante convivência com o amado, chegam a conhecer a família deste e levam muito tempo a descobrir a fria em que se meteram pois ninguém as alerta. No momento da descoberta, ficam decepcionadas e apenas dois rumos lhe restam seguir: continuar ou parar?

Muitas vezes, quando a decisão é a de continuar, há que tudo fazer para garantir que a caça se torne só sua sendo que “o golpe da barriga” tem sido e continua a ser a maior e melhor arma usada nesse momento. Se a munição não é suficiente, estas não se coibem sequer de se dar a conhecer à Casa 1. Tudo com o objectivo de mudar de estatuto de “a outra” para “a própria”!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Salve-se quem puder!


Como diria Mandela: “Não existe medo mais profundo do que sermos inadequados”. Concordo. Por isso hoje vou falar dos homens (ai ai…). Cada vez mais nos encontramos no mesmo universo. Homens e mulheres. Temos quase as mesmas tarefas. Profissões. Frequentamos os mesmos salões de beleza. Discutimos os mesmos assuntos como futebol, Fórmula 1, a eleição do Obama, as tendências de moda da nova estação e tal e tal… Nem sempre foi assim….

Era uma vez um menino que se transformou em homem sabendo que não podia chorar, quanto mais mulheres conquistasse mais a sua masculinidade é afirmada, um homem que só entra na cozinha para abrir a geleira e é dono e senhor do remoto control da Tv da sala. Alôôô… falo de um espécie em vias de extinção??? Precisamos salvar “esse” homem??

No meu ponto de vista o homem anda meio perdido entre o que lhe pertence pelo gene e o que lhe foi adicionado pelos séculos de luta feminina na busca de uma igualdade, melhor de uma similaridade. Encontro cada vez mais o tic tac do tempo levando essa “raça” a deriva… Quase que de forma sádica assisto de camarote essas mudanças. Vejo homens que choram, que escrevem com alma feminina, que namoram o jazz com mestria, que fazem um macarrão a bolonhesa espectacular, embalam o sono dos seus filhos e são cada vez mais habeis em dizer que a conta do café é para ser dividida (confesso… odeio essa parte). Precisamos salvar “esse” homem??

Pensando se seria necessario um verdadeiro resgate a essas pobres almas. Me pergunto: A quem caberia essa tarefa de salvar o homem? Melhor… deixem-me lá reformular a pergunta: A quem interessaria essa tarefa? Existe uma necessidade urgente para tal trabalho fora de horas ou deixamos que os mesmos se reformulem em teses e psicanalises pós-freudianas de suas próprias redescobertas? Se o facto dos homens se terem sentido poderosos além da medida também lhes ensinara a galgar por esses papeis tão mais pequenos do que aquilo que o inicio da humanidade lhes propôs?

Dizem os mestres que é preciso morrer para voltar a nascer. Deve também ser preciso enterrar o homem velho para nascer do pó das metamorfoses um novo homem. Precisamos salvar “esse” homem??

Digam-me lá meninos… com toda sinceridade, será que os homens entendem a permissão para se curvarem aos novos tempos? Ou bem lá no fundo ainda preferem ser um mastro de recordações daquilo que foram os seus avôs? Conseguem os homens viver as suas vidas de acordo com o que querem, sendo apenas “pessoa” sem deixar que as sua masculinidade determine as suas vidas?
Digam-me lá meninas… Precisamos salvar “esse” homem??