segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Modo de usar-se

Meninas do meu coração, voltar a estar aqui enche o meu coração de alegria e adoraria ter algo novo para escrever, criticar ou provocar. Mas ando pouco fluida na escrita e entre altos e baixos que, segundo a minha ginecologista é tudo por conta das famosas hormonas (opa, belo assunto). Mas escolhi um texto que a-do-ro para postar porque além de ter sido escrito por uma mulher como nós, provavelmente estejam lá todas as palavras que eu gostaria de dizer. Bjs meus...

"Coitada, foi usada por aquele cafajeste". Ouvi essa frase na beira da praia, num papo que rolava no guarda-sol ao lado. Pelo visto a coitada em questão financiou algum malandro, ou serviu de degrau para um alpinista social, sei lá, só sei que ela havia sido usada no pior sentido, deu pra perceber pelo tom do comentário. Mas não fiquei com pena da coitada, seja ela quem for.
Não costumo ir atrás desta história de "foi usada". No que se refere a adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde está se metendo, ninguém é totalmente inocente. Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração. E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco.

Se for este o caso, seguem sugestões para usar a si mesmo: comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades básicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir. Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer.
Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição – dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, não se negligencie. Use seu médico, seu dentista, sua saúde.
Use-se para progredir na vida. Alguma coisa você já deve ter aprendido até aqui. Encoste-se na sua própria experiência e intuição, honre sua história de vida, seu currículo, e se ele não for tão atraente, incremente-o. Use sua voz: marque entrevistas.
Use sua simpatia: convença os outros. Use seus neurônios: pra todo o resto.

E este coração acomodado aí no peito? Use-o, ora bolas. Não fique protegendo-se de frustrações só porque seu grande amor da adolescência não deu certo. Ou porque seu casamento até-que-a-morte-os-separe durou "apenas" 13 anos. Não enviuve de si mesmo, ninguém morreu.
Use-se para conseguir uma passagem para a Patagônia, use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas – a memória e a emoção vêm muito do olho. Use os ouvidos para escutar boa música, estímulos e o silêncio mais completo. Use as pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser. Seus dedos para pedir carona, escrever poemas, apontar distâncias. Sua boca pra sorrir, sua barriga para gerar filhos, seus seios para amamentar, seus braços para trabalhar, sua alma para preencher-se, seu cérebro para não morrer em vida.

Use-se. Se você não fizer, algum engraçadinho o fará. E você virará assunto de beira de praia.

Martha Medeiros

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um erro, duas medidas


O adultério, defendido por um passado em que predominavam relações polígamas em todos viviam em perfeita harmonia, muito recentemente ganhou um outro rótulo: a Casa 2. Contudo, neste novo figurino, de pulada de cerca, a cohabitação entre as vertentes desse triângulo nem sempre é consensual como fora outrora.


Se para os homens é uma mais-valia, são novos ares, novos sabores, novo alento em contrapartida para as esposas essa atitude representa um knock out na sua auto-estima e estabilidade psicológica, física e social. Geralmente, diante da constatação de que existe uma Casa 2, a mulher é literalmente forçada a conviver com essa situação.


A família, no sentido mais alargado, geralmente chamada para colaborar na resolução desse imbróglio, problema exclusivo da mulher pois ao homem só traz beneficios nas carências que a mulher não consegue suprir, é a primeira a solicitar que esta perdoe o erro do seu homem “pois ele é homem”.


Em casos mais extremos, tanto a familia, como o próprio “saltador” colocam a mulher na berlinda ao imporem que diante dos factos ela aceite conviver pacificamente com o novo cenário de vida à 3. Contudo, se por alguma razão o “pulador” é a mulher outro tratamento não há do que um Ra, Re, Ri, Ro, Rua! Traição femenina não tem perdão?