segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mãe solteira (1)


Ao longo dos tempos as percepções e as imagens construídas de mãe solteira, as atribuições e responsabilidades que recaem sobre esta vem mudando de forma assinalável.

Houve tempos em que ser mãe solteira era motivo de repúdio na sociedade, essa mulher era discriminada e considerada de má vida. Com o passar do tempo, as caricaturas verbais decorrentes dessa então triste sorte tiveram uma viragem espectacular de tal modo que, ser mãe solteira hoje já não envergonha tanto assim, talvez devido ao número cada vez crescente desta “nova categoria social” o que faz com que as pessoas comecem a aceitá-las mais abertamente e com menos preconceito.

O que se assiste ultimamente é que a partir duma certa idade por vontade própria ou pela pressão social as mulheres cultivam a necessidade de serem mães.

Regra geral, para que isso aconteça, tem que haver a contraparte masculina e se espera que mais do que um mero fecundador, seja um homem que em conjunto com a mulher criarão e educarão o ser por vir. Esta é a situação ideal, porém nem sempre as coisas acontecem de forma linear, muito pelo contrário é cada vez mais frequente encontrar mulheres que enfrentam a maternidade, com todas as suas vicissitudes, e alegrias sem um homem do lado, não posso deixar de referir que há por outro lado o aumento da chamada produção independente que também contribui para a multiplicação das mães solteiras.

Como consequência desta nova forma de encarar a realidade curiosamente, surge um novo fenómeno: A vergonha por não se ser mãe.

Nota se aqui uma inversão na percepção dos factos. Se antes era vergonhoso ser mãe solteira hoje a situação é contraria: a partir de certa idade parece que o vergonhoso é não ser mãe! Não importa se casada, solteira ou comprometida. Ou seja começa a valer a pena ser mãe solteira do que ser solteira sem filhos!

Ainda que desconheça as razões para este fenómeno, posso arriscar e dizer que a pressão social, o medo por ser mais difícil conceber a partir duma certa idade, o falatório por parte das pessoas que as rodeiam a podem ser factores que influenciam.

Por outro lado, existe o medo (ou o risco) de não poder encontrar um parceiro que esteja disposto a dar-lhe um filho, dizem que os homens fogem de mulheres nessas condições, eles estranham o facto dela na idade em que se encontra não ter pelo menos um filho, dizem logo que essa mulher tem problemas, tem um mudliwa, não tem história: "se ela chegou até aquela idade sem filho é porque tem problemas".

Enfim, o que era vergonhoso em tempos, começa a deixar de sê-lo hoje e contrariamente, o que era motivo de orgulho, começa a ser vergonhoso, estamos ou não perante uma inversão de valores?

6 comentários:

amosse macamo disse...

Yndo, penso que começaste com um tema, (mãe solteira) e terminaste com o outro (a vergonha de não ter filhos (mulher)até uma certa idade.

Os dois temas são interessantes pelo que uma abordagem (exclusiva) para cada um seria interessante.

Não sei se mudou a forma de se olhar para a mãe solteira ou mudaram os tempos. Ou por outra, nos tempos em que vivemos valerá a pena concentrar os esforços para perceber o porquê de mães solteiras, quando o mundo desaba à nossa volta?

Não se pode positivar a questão mães solteiras quando o ideal é como o dizes e bem que a criança tenha um pai e uma mãe.

Quando colocavas a questão de mãe solteira(e a foto que juntas ao teu post), pensei cá comigo, que procuravas evocar a força que esta tem em se duplicar, para fazer o papel dos dois, a força desta guerreira que ignora o que as más linguas dizem e se concentra no essencial (criar o seu filho) e não procurar a questão de menos ou mais vergonha neste acto, porque acredito, que não seja este o aspecto principal, (produção independente? Existe? Penso que não), mas o facto de a mulher, mesmo quando tudo parece conspirar contra ela encontrar forças, para criar um filho e dá-lo a dignidade que todos parecem querer pôr em causa.

Agora, vergonha de não ter filhos? Penso que nenhuma mãe procura fazer filhos para provar a sociedade que faz, senão, como uma decisão pensada e quem sabe, como extremo, para ter o que a roube a atenção, no lugar de correr desesperadamente atrás de um homem, um lar (que se sabe não existir fórmula única para o ter).

Ximbitane disse...

Humm, apesar de a replica não me ter sido dirigida, creio que posso comentar alguns dos aspesctos.

Primeiro, acho que a Yndoh começou um tema e acabou com o mesmo tema, mãe solteira, variando apenas em função do objecto de estudo, o facto de ter ou não filhos nesse estado civil.

Segundo, discordo quando questionas se "valera a pena concentrar esforços para perceber o porque de maes solteiras enquanto o mundo desaba à nossa volta". Curiosidade apenas: conheces a designação pai solteiro a full time?

Terceiro, ninguém "positiva" a mae solteira, mas também ja ninguem "negativa" essa mesma mae solteira, é o que a Yndoh diz neste post. Hoje, as mulheres ja não esperam que alguem as leve ao altar para fazerem filhos "como manda o figurino" (xiii, também ha tanto homem comprometido e que nao querer compromisso...).

Entre ignorar o relogio biologico (de tanto esperar pela situaçao ideal para ter filhos, o casamento), talvez ser mal falada ( por não ter filhos, inversao de valores?) e realizar um dos sonhos de qualquer uma, as mulheres preferem "usar" os homens como sementais (produção independente? Oh, sim!) para responder ao apelo da natureza (essa mesma que esta a desabar, como dizes) e outros mais, a Yndoh também refere.

Para concluir, devia de facto a Yndoh falar dos feitos batalhadores da mae solteira, mas creio que o que realmente ela quis evidenciar é que ser-se mae solteira ja nao é vergonha, pelo contrario, motivo de orgulho!!!

Anónimo disse...

Aaaaai mani... mãe é mãe! Mãe designa apenas resultado procriativo, no caso de filiação biológica, e social, no caso de adopção, por parte das mulheres. Procriação feminina (ser mãe) e estado civil (ser solteira) são variáveis independentes. A conversa de mãe solteira é uma leitura daqueles que acham que a maternidade só deve acontecer no casamento. Essas mesmas pessoas postulam que as mulheres são umas "fraquinhas" que não passam sem um homem "forte" ao lado, feito marido, afinal reza uma história elas não seriam nada mais do que resultado de uma costelinha de um homem feito imagem e semelhança de um outro. Já agora como se diz mãe solteira nas várias línguas cá de casa, exceptuando a Portuguesa e a Inglesa? Emidio Gune

Ximbitane disse...

Hahahaha, gostei dessa ("como se diz mae solteira nas varias linguas"), Emidio. Quer-me parecer que é a contra-pergunta a pergunta feita ao Amosse e aos demais, claro! E ainda continua... pergunta!

Que sao variaveis diferentes, disso nao resta a minima duvida. Mas ainda assim, creio que neste caso elas (lesbicas? Yuuuu!) casaram-se e muito bem.

Caros, entendo perfeitamente o vosso ponto de vista, sublinhe-se, puramente masculino. Ser mae, solteira ou casada, é muito mais do que uma conversa: é a vida de uma mulher que tem filho(s) sob sua unica e exclusiva responsabilidade, ainda que o pai dê mesada e fique nisso!

Yndongah disse...

Amigos,
Queiram aceitar as minhas desculpas por so agora poder responder aos vossos comentarios, ao mesmo tempo agradeço por terem prosseguido com o debate.
Irei respondê-los num único comentário mesmo porque quase tudo ja foi dito.
Amosse: interessante o teu comentário, na verdade a minha intenção eh falar de mães solteiras, porém não poderia deixar de abordar a "evolução histórica da categoria". Tens razão o tema não se pode esgotar num único post, se reparares esta eh a parte I, a abordagem que reclamas no teu comentário será explorada na parte II.
O último parágrafo do teu comentário eh forte, até mesmo atrevido, realmente era desejável que a decisão de se ser mãe (solteira ou nao) fosse ponderada mas todos sabemos que nem sempre eh assim.

Mana thanks pelos teus comentarios elucidativos, não sei se já chegamos a fase de sentir orgulho por ser mae solteira mas concordo plenamente contigo quando dizes que "ser mãe solteira eh muito mais do que simples conversa..." eh preciso ser mulher perceber isso.

Amigo Gune,
Obrigado pelo comentario, queres me dizer que mãe solteira eh uma "versão" da mulher moderna?

Um abraco a todos

Anónimo disse...

interessante tema

fernando