segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sono dos lactentes, dilema dos pais?



Muitas mães têm a tendência de dormir com o filho recém nascido no mesmo quarto e até mesmo na mesma cama. Aliás, o lugar onde vai dormir o bébé não constitui tema de discussão dos futuros pais, discute-se mais o nome, o melhor berço, o tipo de alimentação, tudo menos o lugar onde a criança vai dormir.

É certo que para uma mãe que vive na casa dos pais, ou o casal que vive com sogros fica difícil ter em casa um quarto de “sobra” para o neto. Mas há casos em que mesmo com condições a criança dorme com os pais.

Uma família que dorme “unida” tem vantagem na facilidade com que o bebé pode ser amamentado, pois não é necessário ir buscá-lo a outro quarto para mamar. Uma mãe que amamenta numa "cama familiar" pode alimentar o seu filho facilmente, sem estar totalmente acordada e assim não deixa de obter o repouso de que necessita. Assim, dormir em família incentiva as mães a prolongarem a amamentação e todos os seus inúmeros benefícios por mais tempo.

As falhas respiratórias são relativamente comuns nos primeiros meses de vida e se não forem evitadas ou socorridas podem resultar em morte. Portanto, dormir acompanhado pode ajudar a evitar essa triste ocorrência.

Uma mãe que amamenta tem ciclos de sono e sonhos coordenados com os do seu filho, o que a torna altamente sensível ao bebé. Se estiverem a dormir próximos, ela acorda automaticamente se houver uma falha respiratória mais longa. Mas se o bebé estiver sozinho, esta intervenção não será possível.Qualquer perigo noturno é reduzido, se a criança tiver um adulto próximo.

Por outro lado, há quem ache que o melhor é colocar a criança a dormir no seu quartinho, com a babá ou mesmo o aparelho electrónico que a cada som emitido pela criança no seu quarto, os pais ouvem (babá electrónica), portanto, podem estar ao controle das crianças.

Para este grupo, o facto de dormirem com a criança para além de interferir na vida do casal, ela (a criança) fica dependente da companhia dos pais para dormir, perturba a privacidade do casal e criam-se problemas de ordem psicológica e familiar que podem ser sérios. Sozinha, a criança já fica acostumada a ter o seu prórpio cantinho, crescendo mais segura e menos dependente.

Acho que todos nós conhecemos histórias de crianças com 4 anos que ainda dormem com os pais, e estes têm dificuldades em tirá-las do quarto, pois choram, esperneiam e inventam mil desculpas, desde fantasmas até doenças.

Bom, temos aqui dois cenários e eu pergunto para quem ache que a criança deve dormir no seu quartinho, deverá isso acontecer logo que ela saia da maternidade? Se não qual deve ser o tempo mínimo?

Aceitando-se que a criança durma no mesmo quarto com os pais, estes devem partilhar a cama com ela ou deverá dormir no berço? Qual a melhor altura (idade) para a criança começar a dormir no seu quarto?

domingo, 28 de setembro de 2008

Mandioca (1)



Na mesa dos machopes a mandioca é insubstituível.Pode ser servida como prato principal ou acompanhante, aperitivo ou sobremesa, desde que bem preparada, ela é sempre bem vinda.
Hoje, vou fazê-las doiradas, é muito simples de preparar vejam:

Ingredientes:

Mandioca cozida,
Ovo batido,
Um molho de ervas aromáticas picadas (salsa ou coentro),
Óleo para fritar.

Preparação:

Corte a mandioca em tiras e reserve. Junte as ervas aromáticas ao ovo batido, de seguida, passe a mandioca pelo ovo e leve a fritar em óleo previamente aquecido, até aloirarem como mostra a imagem.
Sirva-as quentinhas e bom apetite!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Os nomes dos bois



Recentemente, levantou-se a polémica questão Casa 2, forma como amantes de homens casados ou, de alguma forma, comprometidos são “civilizadamente” tratadas. Polémica a parte, uns e outros com as suas razões.


Pelo que foi dito, pelo que paira no ar e pelo que não foi dito, pois o debate está sempre em aberto, conclui-se que a existência de tal “casa” deve-se ao comportamento da Casa 1, sobretudo no que se refere as performances e disponibilidade entre quatro paredes “na hora do vamos a ver”.


Na sociedade actual, talvez por ainda estar imbuída pelo espírito esvoaçante da poligamia, que modernamente se insiste em fingidamente ignorar, ter Casa 1 e 2 e, porque não, outras mais, é uma prática real. Geralmente, quem tem conhecimento de tal prática cala-se e/ou faz-se de carapau de corrida, talvez porque também é adepto ferrenho ou jogador de tal clube e o campeonato assim vai andando.


Grande parte de culpa de tais comportamentos, fingidamente inexistentes, deve-se a essa mesma sociedade que considera um polígamo e infiel, aos votos livremente enunciados, um homem de verdade e que por tal merece firmes apertos de mão e palmadas ruidosas nas costas. Cá entre nós, um autêntico garanhão mesmo se as performances estão aquém de tal comparação!


Nessa história, de 1 e 2, verdade seja dita, as mulheres não estão isentas pois também dão as suas facadinhas! Afinal, por norma, o envolvimento é entre um homem e uma mulher. E o homem cuja mulher ou Casa 1 se envolve com um outro homem, como é chamada “civilizadamente”?
Veja no Julgamento de Cesaltina!

Pois é, há nomes para bois, e há nomes para as fêmeas do boi! Estranhamente os bois quando passam pelo matadouro passam a “vestir” o nome das suas fêmeas. Engraçado, não é
?

terça-feira, 23 de setembro de 2008

O valor de uma aliança

receba esta aliança como sinal do meu amor e da minha fidelidade, em nome do pai do filho e do espírito santo“

Muita gente casada, pouco sabe sobre o simbolismo do anel nupcial. Para alguns, a troca de alianças é um convite ao selamento matrimonial; para outros, apenas um objecto de pura vaidade e capricho. O facto é que esse pequeno e delicado adereço encerra em si um poderoso elemento de ligação entre o casal.


Antes de mais nada, a sua própria forma circular é uma representação da alma e reporta-se a sí mesmo. Isto quer dizer que quando há a troca de alianças, inconscientemente está havendo um intercâmbio, como se cada uma das partes recebesse a essência da alma da outra.


Ultimamente tem se notado que há uma série de equívocos sobre usar ou não uma aliança. Aquilo que é um símbolo de uma união, hoje pode ser visto de várias formas. Para uns é visto como se fosse uma placa com os dizeres: “cuidado com o cão ou perigo vedação electrificada” ou seja, a aliança serve para afastar perigos!

Para outros, a aliança pode até comparar-se ao mel para as abelhas: quem a tem é uma garantia de que “não me vai arranjar problemas”! Para outros ainda é um estilo, está na moda, ou dá um status. E, existem ainda aqueles que apesar de casados não a usam.

No caso dos primeiros usam-na porque assim, o companheiro/a se sente mais seguro/a. Os segundos porque lhes dá mais abertura para os prazeres carnais… alheios.

Os que não a usam fazem-no por vários motivos uns porque sentem que o dedo anelar não “aguenta” carregar o peso da relação, outros porque incomoda, outros porque perderam e ainda não tiveram tempo de fazer outra, outros ainda porque engordaram e por aí em diante. Entretanto, com a excepção dos primeiros há casos em que apesar de um do não uso da aliança o casamento/relação vai muito bem e obrigado!

Há também um caso muito curioso, este acontece muitas vezes com mulheres, uso de aliança, no dedo anelar esquerdo mesmo sem ser casada! Ora, algumas fazem-no porque estão separadas e não divorciadas, outras porque o companheiro ofereceu (principalmente às casas 2), outras porque são viúvas (não sei por quanto tempo devem usar a aliança) , e outras porque vendo o sonho de casar muito longe preferem colocar a aliança no dedo, mas tudo isto tem um motivo de fundo, o prestígio. Para as mulheres, ainda que o casamento vá mal, usar aliança é sinónimo de respeito onde quer que vá (na igreja, trabalho, bairro, etc).

Uma vez que a nova Lei da Familia prevê que após o registo, o anelamento/lobolo passa a ter o valor do matrimónio, e como ultimamente os nossos lobolos viraram quase casamento, com direito a cadeiras vestidas, damos e damas, e até sessão de prendas, porque não a semelhança da nova “moda” de celulares último grito na lista, acrescentar alianças para os noivos?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Pecados da carne



No sentido religioso, a carne está simbolicamente associada ao sexo, muitas vezes do ponto de vista do pecado, sendo portanto designado pecado carnal. Mas não é nesse contexto que se pretende abordar os pecados da carne, mas sim no modo excessivo e rigoroso como esta se faz presente à nossa mesa.

No sentido alimentício, geralmente a palavra "carne" só é usada para se referir à carne de mamíferos e répteis. No caso de aves e peixes, geralmente diz-se apenas o nome do animal de onde provém. A carne é um tecido muscular dos animais, incluindo o homem, formada principalmente de proteínas, gorduras e água. Esse tecido é usado como alimento para os animais carnívoros, incluindo o homem - excepto os que adoptam uma dieta vegetariana.

Grande parte da carne que comemos é comprada em mercados clandestinos ou não preparados para o processamento, manuseamento, acondicionamento e venda deste tipo de alimentos. Pode ser até que a carne provenha de locais apropriados para a sua venda (talhos), mas as condições pelas quais passa até chegar a nossa posse, pela via do mukhero, fazem com que esta também corra os riscos acima descritos. É verdade que, vinda das províncias, a carne passa por fiscalização, mas também não é menos verdade que muitos “bois gordos passam” debaixo dos olhos das estrututuras que os deviam inspeccionar.

Este olhar distraído, das autoridades agro-pecuárias e sanitárias, pode contribuir para que doenças provindas de animais, em particular do porco e da vaca, sejam transmitidas ao homem como é o caso da Cisticercose, Tuberculose, Brucelose, Febre aftosa (que tanto abalou a Europa), Toxoplasmose e Intoxicação alimentar sendo que a pior delas é a Neurocisticercose, que provoca a epilepsia, demência e hipertensão intracraniana (o aumento da pressão dentro do cérebro).

Evitar essas doenças, de nome esquisito, que o homem não tolera, não é assim tão difícil: a panela é capaz de vencer todas essas bactérias ou doenças. Cozida a 100° C, a carne ficará livre de todas as bactérias e larvas que afectam os humanos. Portanto, carnes mal passadas ou cruas devem ser banidas, a menos que o consumidor confie na boa procedência da mercadoria.

O consumidor dever(i)á estar atento para o produto que está adquirindo, sobretudo no que concerne à inspecção e a certificação de qualidade por parte das distraídas autoridades. Tendo em conta que este facto pode não ser válido, há que criar um olhar vigilante e analítico na hora de comprar a carne.

Aconselha-se, por exemplo, que aquando da compra de carne moída, solicite ao talhante que moa a carne na hora, evitando comprar a que já está moída. Há também que ter cuidado com a aparência da carne, sobretudo em talhos, pois em alguns casos são colocados produtos químicos cancerígenos (sebo, sulfitos e nitritos) que fazem com que a carne tenha aquela cor bem avermelhada que indica frescura e bom estado.

Tendo em conta os custos da carne, uma das soluções, seria sem dúvida, aproveitar os saldos ou promoções nas carnes que os supermercados oferecem. Mas, muita atenção pois geralmente os saldos representam um momento em que o produto está quase a entrar no fim do prazo. Comece a exercitar o seu olho e intuição tomando nota de outras dicas no momento da compra de carnes quer seja no talho, no dumba-nengue ou nas maguevas da Swázi:

Carnes vermelhas
A carne estará deteriorada quando: apresentar zonas (ou manchas) escurecidas ou zonas ou pontos secos.

Carne moída
A carne deve ser moída à vista do consumidor, para evitar a mistura de carne boa com deteriorada ou da carne pedida com outra de segunda linha.

Carne de porco
Cuidado redobrado com as carnes de porco, que exigem atenção especial. Ela estará deteriorada se apresentar pequenas bolinhas brancas.

Qualidade das aves
As aves também apresentam características importantes a serem examinadas. A sua carne estará boa quando tiver consistência firme, cor amarelo-pálida, brilhante e com odor (cheiro) suave, e estará deteriorada quando: apresentar cor esverdeada, a sua consistência não estiver firme e apresentar cheiro forte.

Qualidade do peixe
Quanto ao peixe, somente adquira o que tiver o corpo rijo (duro), escamas firmes e os olhos salientes e brilhantes. Já o peixe secos como o bacalhau, estarão deteriorados se apresentarem manchas húmidas ou avermelhadas.

sábado, 13 de setembro de 2008

Nu artistico vs Nu vulgar!


(Nude with crucifix, obra de Malangatana)

A Companhia Nacional de Dança em parceria com o Centro Cultural Franco Moçambicano e a Fundação Cuvilas, realizou entre os dias 28 e 30 de Agosto um festival de dança contemporânea em homenagem ao coreógrafo e bailarino Augusto Cuvilas, assassinado em Dezembro do ano passado.

Pela ocasião, foi exibido o bailado “ Um solo para 5”, que tinha como particularidade apresentar bailarinas despidas de todos os preconceitos e que, portanto, exibiram-se tal como vieram ao mundo conforme projectara e coreografara o homenageado. E, diz quem viu, não se tratou de sessão de striptease de casa de alterne. O mesmo bailado já representou Moçambique num festival internacional em Madagascar onde arrecadou um prémio em 2003, e no Panorama Rio Dança - Brasil em 2005.

Na véspera da sua realização, o público foi alertado para o teor adulto do bailado e que, portanto, não seria recomendável para menores de 18 anos. Entretanto, surgem manifestações de repúdio por parte de organizações religiosas e da sociedade civil moçambicana que consideram que bailado não representa a nossa cultura e é um atropelo a boa moral da sociedade moçambicana.

A este proposito, a representante da Fundação Cuvilas, mostrou-se agastada com as reacções das organizações pois, segundo ela, o bailado obedeceu a padrões internacionais.

Uma das grandes expressões da arte é, sem dúvida, a representação do corpo nu, portanto o nu artístico. Nu artístico é a designação dada à exposição do corpo de uma pessoa nua para fins artísticos e esse nu, apresenta-se sob forma de escultura, pintura, fotografia, dança, sendo que o corpo humano sempre chamou atenção pela sua beleza.

Retratar o nu é uma manifestação artística que remonta à Antiguidade, época em que pintores e escultores encomendavam modelos vivos para servirem de referência para suas obras-primas. Hoje, a representação do corpo feminino está um pouco vulgarizada por trabalhos que visam apenas o erótico/obsceno, alias, muitos video clips e letras de musica, que desfilam sem barreiras nas televisões e rádios nacionais são exemplo disso.

Nalguns casos, é evidente que se pretende destacar que o corpo humano pode ser usado na expressão artística. O problema é, porém, através do contexto onde o nu está inserido se diferenciar o olhar erótico do olhar artístico. Torna-se difícil ver beleza da composição da imagem, a coreografia, a sensualidade, a mensagem, o uso do corpo como instrumento de informação e sensibilidade, pois, ao invés de nu artistico, passa-se a ver apenas a “mulher nua” e saciar nossos instintos primitivos, arrastando assim, a uma consideração moralmente má do corpo feminino, que rebaixa a sua dignidade à de simples objecto sexual.

Será o facto de neste caso particular o nu artistico estar representado sob forma de dança que gerou repúdio? Temos os casos da Reinata, Naguib, Malangatana só para citar alguns, que retratam o nu feminino e são consideradas verdadeiras obras de arte nacional e internacionalmente! Estas obras expessam “mulheres nuas” ou “nu artístico”?E representam a nossa cultura?

Segundo Haid Mondlane, no seu comentário aqui, os valores na nossa sociedade oscilam entre dois critérios: “o moralista e o pragmático. No primeiro as coisas são avaliadas pelo que é eticamente considerado como bom/aceitável. No segundo dá-se mais atenção aos resultados que alcançamos. Aqui ignora-se os meios dando primazia aos fins, surge um conflito quando os dois critérios se cruzam....”.

Neste caso, as organizações religiosas consideram o nú artistico imoral, entretanto a classe artística serviu-se do mesmo (nú artístico) para difundir uma mensagem.O mais complicado é quando misturam se de forma conflituosa, onde o que é considerado “moral” (pelos artistas), é simultâneamente considerado “imoral” (pelas organizações religiosas), ou seja para atingir um fim que se pretende “moral” actua-se de forma “imoral”.

Quem está certo? Em que circunstâncias a “mulher nua” representa a nossa cultura? Na pintura? Na escultura? Na cerâmica? Na dança? Na....?

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Alimentação alternativa, opção inteligente



Comer bem para muitos, não só é ter o prato muito cheio como também é ter vários nacos de carne gordurosos todos os dias. Muitos não sabem ou ignoram as repercursões que o consumo excessivo de carne provoca no organismo.

Também não estão conscientes da gincana que é para uma dona de casa ter na panela todos os dias carne para o agrado dos “carnivoros”. O preço da carne é proibitivo e comprá-la em porções que alimentem a familia por muito tempo, decerto que tem forte impacto na economia domestica.

Preparar os alimentos de forma racional, econômica e sem desperdícios é uma forma de minimizar uma das nossas maiores dores de cabeça: o problema da fome agravado pelo elevado custo de vida e a crise mundial de alimentos.

Fazer do acto de produzir e de preparar o alimento, uma cultura que visa promover a nossa saúde e o nosso bem estar, bem como nos permitir gerar rendimentos com sustentabilidade, é outra forma de minimizar a “enxaqueca mundial e nacional” e, porque não, a domestica.

Preparar alimentos de baixo custo com alto valor nutritivo, como a batata-doce, folha de abobora, mandioca, cenoura, pepino, nabos, rabanetes, etc., que muito abundam em várias regiões do país, utilizando os alimentos de forma integral e respeitando as diversidades culturais, é outra forma.

É possivel comer bem, com muito sabor e a custo baixissimo, por exemplo, uma sopa feita com caule, talos, cascas, folhas e sementes de alimentos como a abóbora, a batata, a couve, nabiças, etc. Pode-se também fazer compotas, sumos e nutritivos batidos de fruta da época ao invés de se comprar os empacotados.

O que nos falta é coragem de experimentar e impor essa ideia no seio da família. Também aquela ideia de que “moçambicano só gosta de carne” é outra dor de cabeça de toda dona de casa. Mas já é mais do que tempo de implementar “bifes de beringela com feijão verde salteado” na nossa dieta alimentar permutando a alimentação baseada em carnes vermelhas por carnes verdes.

Experimentemos! Ousemos! É barato e muito mais rentável, saboroso e muito saudável para toda a família e, acima de tudo, o nosso organismo é quem mais agradece.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Retrospectiva de Agosto

Geralmente, quando queremos começar algo, lançamos a primeira pedra, baptizamos ou fazemos a apresentação desse facto. No entanto, em algum momento, deve-se parar, olhar para atrás e analisar o que se fez, o que não se fez, o que devia ter sido feito e o que se fará. É a época do balanço ou da retrospectiva de um momento, de um dia, de uma semana, de um mês, enfim de várias etapas de um processo.

Habitualmente faço esse exercício e olho para atrás. Analiso, meço, perspectivo e muitas vezes questiono minhas atitudes, quanto a mim mesma e quanto aos que a mim estão relacionados, ou que por força do meu exercício acabam levando na tangente. Sim, é momento de retrospectiva da prestação do primeiro mês de Vasikate va Moçambique!

E, espero, a primeira de muitas retrospectivas, que se pretendem mensais, pois nós, mulheres, temos que aprender a totalizar os nossos actos somando, dividindo, subtraindo e multiplicando pequenas acções que resultam em grandes actos. É um exercício habitual, tal como quando fazemos as compras do mês: o inventário faz a lista ficar enorme, as prioridades são diversas, as despesas são excessivas mas no final damo-nos por satisfeitas por termos o estrito e necessário.

Quanto a nós, vasikate-conceptoras, os objectivos estão claros, versar sobre temas relacionados com a mulher e que contribuam para o seu desenvolvimento e visão do mundo, e o grupo-alvo bem definido, a mulher sem pôr de parte o homem, que é e deve ser a força impulsionadora do crescimento da mulher, sublinhe-se, ou por detrás do homem não está uma (grande) mulher!

Directa ou indirectamente, ao longo deste período, neste espaço e em outros de forum particular, colhemos opiniões, sugestões e críticas com intenções criativas, que muito agradecemos. A gestão das contribuições de todos não é tarefa fácil, ainda que todos tenham a intenção de ajudar e impulsionar a mulher a ser activa, auto-suficiente, a questionar, a participar e a colaborar. E nós, vasikate-conceptoras, com ideias próprias procuramos ainda a verdadeira essência de Vasikate va Moçambique.

Neste âmbito, ressalvamos que, não trazemos receitas mágicas, como um xarope caseiro, algo tipico em nós, vasikates, mas procuramos soluções conjuntas através da discussão e da reflexão. Aliás, está e que fique claro que não somos experts em nada apenas tacteamos o caminho e sem a ajuda de uma bengala branca.

Se por um lado impera o sentimento de profunda alegria, por tentar fazer algo em prol da mulher, por outro lado, vem a sensação de frustração, pois os convites para colaboração de experts e participação já foram enviados mas as vasikate andam distantes e, logo, questiono-me sobre a pertinência de ter um espaço desta dimensão, ou do que egoisticamente pretendemos, de e para a mulher.

Sem a nossa participação, não é possível edificar um mundo mais equilibrado. Eis o “X” da questão, o tal que faz a grande diferença! Continuar ou desistir? Estamos cientes de que Roma e Pavia não se fizeram em um dia, mas, que novo rumo dar ao projecto?

1. Eternizar a nossa passividade, mantermo-nos apêndices de outros, e agirmos em função dos seus interesses?
2. Alinhar no coro das ideias brilhantes e paternalistas, populistas e hipócritas que nos reduzem a objectos descartáveis?
3. Reagirmos como cidadãs de corpo inteiro que permitem delinear uma estratégia que obrigue o outro a recuar para posições mais defensivas?
4. Descolonizarmo-nos do consumismo, enquanto processo que nos aliena, nos coisifica, e nos remete para a prateleira de bens perecíveis?
5. …

Este espaço, adicionado e/ou adicionável a outras iniciativas dominadas pelos mesmos objectivos arremessará, seguramente, uma pedrada no pântano da mediocridade defendido por muitas de nós. Rejeitemos, em definitivo, a postura de subserviência quase animalesca e engrossemos as fileiras de mulheres lúcidas e, juntas, avancemos para um mundo mais justo.

Gostaríamos que aqui, neste modesto e incipiente espaço, crescesse uma ampla participação de mulheres para que juntas e em diálogo permanente, possamos construir ideias há muito adormecidas nos nossos desejos.