segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Retrospectiva de Agosto

Geralmente, quando queremos começar algo, lançamos a primeira pedra, baptizamos ou fazemos a apresentação desse facto. No entanto, em algum momento, deve-se parar, olhar para atrás e analisar o que se fez, o que não se fez, o que devia ter sido feito e o que se fará. É a época do balanço ou da retrospectiva de um momento, de um dia, de uma semana, de um mês, enfim de várias etapas de um processo.

Habitualmente faço esse exercício e olho para atrás. Analiso, meço, perspectivo e muitas vezes questiono minhas atitudes, quanto a mim mesma e quanto aos que a mim estão relacionados, ou que por força do meu exercício acabam levando na tangente. Sim, é momento de retrospectiva da prestação do primeiro mês de Vasikate va Moçambique!

E, espero, a primeira de muitas retrospectivas, que se pretendem mensais, pois nós, mulheres, temos que aprender a totalizar os nossos actos somando, dividindo, subtraindo e multiplicando pequenas acções que resultam em grandes actos. É um exercício habitual, tal como quando fazemos as compras do mês: o inventário faz a lista ficar enorme, as prioridades são diversas, as despesas são excessivas mas no final damo-nos por satisfeitas por termos o estrito e necessário.

Quanto a nós, vasikate-conceptoras, os objectivos estão claros, versar sobre temas relacionados com a mulher e que contribuam para o seu desenvolvimento e visão do mundo, e o grupo-alvo bem definido, a mulher sem pôr de parte o homem, que é e deve ser a força impulsionadora do crescimento da mulher, sublinhe-se, ou por detrás do homem não está uma (grande) mulher!

Directa ou indirectamente, ao longo deste período, neste espaço e em outros de forum particular, colhemos opiniões, sugestões e críticas com intenções criativas, que muito agradecemos. A gestão das contribuições de todos não é tarefa fácil, ainda que todos tenham a intenção de ajudar e impulsionar a mulher a ser activa, auto-suficiente, a questionar, a participar e a colaborar. E nós, vasikate-conceptoras, com ideias próprias procuramos ainda a verdadeira essência de Vasikate va Moçambique.

Neste âmbito, ressalvamos que, não trazemos receitas mágicas, como um xarope caseiro, algo tipico em nós, vasikates, mas procuramos soluções conjuntas através da discussão e da reflexão. Aliás, está e que fique claro que não somos experts em nada apenas tacteamos o caminho e sem a ajuda de uma bengala branca.

Se por um lado impera o sentimento de profunda alegria, por tentar fazer algo em prol da mulher, por outro lado, vem a sensação de frustração, pois os convites para colaboração de experts e participação já foram enviados mas as vasikate andam distantes e, logo, questiono-me sobre a pertinência de ter um espaço desta dimensão, ou do que egoisticamente pretendemos, de e para a mulher.

Sem a nossa participação, não é possível edificar um mundo mais equilibrado. Eis o “X” da questão, o tal que faz a grande diferença! Continuar ou desistir? Estamos cientes de que Roma e Pavia não se fizeram em um dia, mas, que novo rumo dar ao projecto?

1. Eternizar a nossa passividade, mantermo-nos apêndices de outros, e agirmos em função dos seus interesses?
2. Alinhar no coro das ideias brilhantes e paternalistas, populistas e hipócritas que nos reduzem a objectos descartáveis?
3. Reagirmos como cidadãs de corpo inteiro que permitem delinear uma estratégia que obrigue o outro a recuar para posições mais defensivas?
4. Descolonizarmo-nos do consumismo, enquanto processo que nos aliena, nos coisifica, e nos remete para a prateleira de bens perecíveis?
5. …

Este espaço, adicionado e/ou adicionável a outras iniciativas dominadas pelos mesmos objectivos arremessará, seguramente, uma pedrada no pântano da mediocridade defendido por muitas de nós. Rejeitemos, em definitivo, a postura de subserviência quase animalesca e engrossemos as fileiras de mulheres lúcidas e, juntas, avancemos para um mundo mais justo.

Gostaríamos que aqui, neste modesto e incipiente espaço, crescesse uma ampla participação de mulheres para que juntas e em diálogo permanente, possamos construir ideias há muito adormecidas nos nossos desejos.



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