sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ela-é-mais-velha-do-que-ele!


A natureza humana condena toda e qualquer prática em relacionamentos que não se enquadram dentro dos parâmetros tidos como normais. Por exemplo, o casamento entre heterossexuais é natural e entre homossexuais, fora de questão. Quando se trata dum homem maduro 4.5, que na horta da vida come uma alface fresquinha 1.8, quase nenhuma nuvem é levantada pois o fenómeno quatorzinha é engolido com relativa facilidade.

Quando se trata de mulheres, que impulsionadas pelos mesmos motivos ou por outros semelhantes aos dos homens (que trocam mulheres 4.0 por outras mulheres com metade da idade desta), o caso muda de figura. No entanto, hoje em dia, cada vez mais mulheres entre 3.0 e 4.0, se não mais, se tem vergado ao encanto dos moços 2.0/3.0 e, portanto, apostado intensamente nesse tipo de relacionamento.

É verdade que, muitas vezes, a mulher procura nos jovens moços o humor, a aventura e os desafios caracterisiticos da juventude passada e que nunca volta atrás. Ainda assim, nestas relações, onde ela-é-mais-velha-do-que-ele, as “cenas”, contra todas as expectativas, dão certo pois a diferença cronológica não importa, mas sim a maturidade pois há muitos kotas mas com mente infantil.

Aos olhos de muitos, nesse rol amigos e familiares cheios de preconceito, o conhecimento deste tipo de relacionamento, em que ela-é-mais-velha-do-que-ele, leva a várias, imediatas e precipitadas conclusões e condenações: “ Agora és a mãe dele?”, “Qual é, queres criar outro filho?”, “Não vês que esse só te quer chular?”. Muitos satirizam a polémica relembrando o sketch muito publicitado do Gungu:

_ Miúdo, não tens vergonha ? Andar com uma mulher que tem idade para ser tua mãe?
_ Kota, isso são bifes, pah!
_ Bifes, pah?
_ Ya! Essa dama me dá um cash!
_ Cash pah?
_ Ya! E sem que eu lhe peça pah!
_ Lhe peça pah
? (...)

O sketch, retratado na peça “Mulheres à beira de um ataque de nervos” é inspirado de “Khomani” de Dj Ardiles. Há também o hit “Senhoras” de Flwaless, dos Med Level, e ambos refletem a imagem que grande parte da moralista sociedade tem quanto a relação ela-é-mais-velha-do-que-ele: “É uma pouca vergonha(?)!”. Ou então, na onda de Flawless, essas senhoras usam o poder financeiro para que o moço faça o serviço “mas não existe love”.

Porque é que quando ela-é-mais-velha-do-que-ele a afirmação “o amor não tem idade” perde sentido? Os sentimentos, em relacionamentos com relativos intervalos de idade, tem apenas valor quando ele-é-mais-velho-do-que-ela? Será que em todo relacionamento ela-é-mais-velha-do-que-ele o que conta é o quando poder financeiro para cativar o jovem? E quando ele-é-mais-velho-do-que-ela porque esse poder já não altera o preconceito?

Imagem daqui

21 comentários:

Reflectindo disse...

1. Será que o pode poder financeiro não conta para cativar a jovem quando ele-é-mais-velho-do-que-ela? Eu acho que em geral (portanto, não em todas as relacões) o poder financeiro ou outro interesse conta. Por vezes kotas nem conseguem cativar totalmente as jovens. Não será muito difícil em dar-se um exemplo em que sem algo material ou outro bem social de interesse, um kota dos seus 50 anos vai persuadir uma quatorzinha? Muitos de nós, homens, dizemos que ele lhe conseguiu com o poder material, mas o verdadeiro amor tem ela com um da sua idade.

2. Será que esse poder altera o preconceito quando ele-é-mais-velho-do-que-ela? Acho que não altera. Diz-se a ele que casou uma moca da idade da filha ou simplesmente com a sua filha. Esse pode ser o motivo de instabilidade da família, pois os pretendentes têm logo uma arma.

Bom, há diferencas aceites e dependendo das sociedades, mas parece que esse mérito de o homem ser relativamente mais velho é mais exigido pela mulher como indivíduo que pela sociedade.

Nini disse...

nicHoje em dia o preconceito em relação a este tipo de relacionamento ( Mulher 4.0 e homem 2.0) vem diminuindo, as pessoas ja assumem publicamente.
As mulheres mais velhas procuram nos homens mais novos, não só vitalidade, o humor , a aventura e o desafio, mas também fantasias sexuais, companheirismo, cumplicidade, solidariedade e a cima de tudo a auto-estima. Creio que os homens mais novos procuram nelas a segurança financeira ou sustento e/ou talvez “fogem” dos chiliques e piripaques das mocinhas, isto é, procuram um relacionamento estável.
E a maneira com que a sociedade olha para o relacionamento quando ela-é-mais-velha-do-que-ele é fruto do machismo. Acredito que entre jovens haja uma competição de quem pega kotas que bancam tudo.
Se olharmos para relação do 4.0 com 1.8 podemos constatar que ele é um tipo cheio da grana e ajuda a família ou nas despesas de casa da mocinha. Se o kota não tiver dinheiro esse relacionamento simplesmente não existira.

Anónimo disse...

Quando se evoca a catorzinha, por exemplo,está implícito uma relação dominada por outros interesses que não os afectos. Eles estão, geralmente, distantes. As pessoas envolvidas estabelecem uma espécie de pacto comercial. É uma permuta: um dos intervenientes preocupa-se com compensações de natureza financeira e outras . O “parceiro”adormece e sonha ser um galã, um verdadeiro D. Juan. Este tipo de relação não é saudável, é efémera e artificial. As expressões fazer sexo e fazer amor, quanto a mim, não são sinónimas.
Faz-se sexo para responder a uma necessidade biológica. Faz-se amor, fazendo sexo quando os afectos estão bem presentes. Há quem o defina assim: Amor é bossa nova, Sexo é carnaval
Os defensores da plena liberdade sexual entre jovens apresentam, em defesa desta tese, que os jovens sem experiência sexual não estão em condições de distinguir uma simples atracção sexual da espécie de congenialidade necessária para que uma vida em comum ( um casamento, uma relação) possa ser bem sucedida.
Para terminar, já estou a ser “chato”:
Não me parece que a diferença de idades, entre adultos, seja por si só um obstáculo.
Desde que a diferença não seja superior a 50 ou mais anos (rsrs). Um pouco mais a sério. Não é só no cinema que encontramos casais com uma relação excelente, apesar de uma grande diferença de idades! O que nos bloqueia, quer-me parecer, é uma certa obsessão sexual. Será que a relação homem-mulher se reduz a sexo? Este é importante? Claro que sim mas não é tudo. Depois, em socorro dos mais velhos, há quem estabeleça esta diferença, sexualmente falando: a quantidade cede lugar à qualidade
Agry

Yndongah disse...

Embora o comportamento social tende a mudar o preconceito em relacao a casais com uma grande diferenca de idade persiste. Geralmente eh o numero de anos que separa um do outro dita se a relacao pode ser considerada normal ou nao. Uma diferenca de 5 a 7 anos nao tem o mesmo impacto que uma de 15 a 20 anos.

Nesta ultima, ja se procuram os motivos pelos quais as pessoas se relacionam e factor financeiro eh usado para definir se a relacao deve ou nao ser aceite.

Como disse o Agry entre adultos nada obsta,desde que o mais novo transmita a sua juventude e receba em troca a maturidade, e que consigam superar os preconceitos internos e externos porque nao?

Ximbitane disse...

Reflectindo, trazes a ribalta o outro lado do ...-é-mais-velha/o-do-que-... e pelo que se pode notar, o factor economico é predominante. Longe de mim recusar tal ideia, alias é o que se nos oferece a ver todos os dias.

No entanto, a minha indagaçao surge do facto de que para além desse factr (financeiro) jogar na relaçao ela-é-mais-velha-do-que-ele o preconceito. Veja o exemplo do sketch no post "miudo voce nao ter vergonha andar/casar com uma mulher que pode ser tua mae?". Puxo na memoria e nao me recordo de ter visto/ouvido sketch semelhante qanto ao "kota gostoso e cheio de mola"!

Ximbitane disse...

Nini, acredito muito pouco que o preconceito esteja a diminuir. O que acontece, é que, justamente por causa desses preconceitos esse tipo de relacionamento é escondido.

Para uma mulher mais velha, torna-se complicado, por exemplo, levar o mocito la para casa pois este muitas vezes ou é mais novo ou da mesma idade que seus proprios filhos, a primeira barreira que se lhe impoe.

Ha ainda o circulo familiar que nao ve de bons olhos este tipo de envolvimentos pois tudo passa pela percepçao de que o mocho qer "chular" a kota: amor que é bom, ninguem acredita.

Ainda assim, estou em crer que as mulheres saberao superar esses obstaculos a bem da sua felicidade e realizaçao pessoal ainda que isso signifique alguns sacrificios como o preconceito e a incompreensao de que o amor nao tem idade.

Ximbitane disse...

Belas questoes trazes, Agry: "Será que a relação homem-mulher se reduz a sexo? Este é importante?". Pode ser que sim, mas, feliz ou infelizmente, eu ainda acredito no amor e penso que a distancia entre idades é algo a ter em conta apenas para nao se correr o risco de ter relacionamentos com menores!

Ximbitane disse...

Yndoh, nao sei porque cargas de agua quando uma mulher se relaciona com homem mais novo ha problemas. Acredito que as crenças de que a mulher so respeitara o homem se ester for mais velho do que ela em muito contarao para essa ideia.

Isto traz-me a mente um facto verificado por numa familia em que o filho mais velho era uma mulher. Acreditas que a mana devia chamar o irmao, nascido logo a seguir, de mano? O caricato é que a mando dos pais o "mano" chamava a irma mais velha pelo nome como se fosse mais nova! Coisas de berço, vai-se la entender?

Avid disse...

Lol...acho que esta tudo dito! E abaixo o preconceito, seja ele qual for.
Bjs meus

Jonathan McCharty disse...

Uma relacao inicia sempre por um interesse: beleza, dinheiro, prestigio, boas maneiras, "amor a primeira vista", sex appeal, etc! Algo precisa nos cativar logo a partida, aquilo que em Quimica se chama "energia de activacao"!
Seja velho-catorzinha, seja velha-catorzinho, o inicio da relacao sera' sempre movido por algum "interesse"! Do conhecimento mutuo e da convivencia, outras realidades afectivas se vao despertando e fortificando! Esta e' uma coisa que o "tempo" e' o seu verdadeiro "mestre"! Catorzinhas ha', que fazem os nossos cotas encontrarem caracteristicas que nunca observaram em suas esposas que, apos o casamento, se desleixam a brava (nao falo aqui necessariamente de sexo)! Jovens ha' que fazem as nossas cotas se sentirem acarinhadas, valorizadas,se sentirem mulheres! Quanto homem nao anda por ai pensando que as suas responsabilidades no lar terminam com o sustento da familia (e quantos cumprem na integra este preceito?).
Este e' um assunto que nos homens e mulheres, muitas das vezes nao temos pleno controlo da sua trajectoria, porque para alem da "razao" e "racionalidade", as nossas "emocoes" e "sentimentos" entram em jogo! Essa "mistura" e' uma "bomba relogio" pronta a explodir em qualquer momento das nossas vidas!! Evite isso, cuidando do seu parceiro,tratando-o como gostaria de ser tratado, independentemente da sua condicao financeira, idade, tamanho da bunda ou mamas, tamanho da barriga, etc!

Anónimo disse...

Todo o tipo de poder conta para cativar alguém. Eu já estou nos 3.0 se eu dia tiver que convidar um mocinho para almoçar para que tenha um bom momento de lazer/prazer seja o que for "EU PAGO". Porque acima de tudo eu é que estou a disfrutar do momento e ele seria apenas um dos instrumentos para a satisfação da minha felicidade que é o mais importante. Claro alguns vão achar que sou louca... e outros adjectivos. Mas meus caros se vocês repararem quanto mais a gente se preocupa com o que os outros pensam mais a vida passa por nós e nos faz reféns de estereotipos. Os outros não o fazem por falta de coragem... Mas podem crêr que eles gostavam de estar na pele de que ousa faze-lo.
Se há satisfação so what else??

Manhangane

Ximbitane disse...

POis, Avid, abaixa!

Ximbitane disse...

Hummm, bela bola, Jonathan!

Ximbitane disse...

Manhangane, minha irma de coração, muito obrigada por finalmente dares o ar da tua graça, nao imaginas o quanto isso me faz feliz!

Mas, eix, como sempre, chutas na polemica nao é? Adjectivos nao vao faltar mas "Se há satisfação so what else??"

Anónimo disse...

Não resisto a felicitar, pela sua frontalidade, a visitante Manhangane! Não tenho que ter opinião sobre a sua postura! Apenas manifesto o meu apreço pelo facto de dar a cara, de dizer, sem hipocrisias, aquilo que pensa.
Outros poderão concordar ou discordar. Quando se aborda a questão, sem rodeios, sem falsas pudores, sem hipocrisia, o debate é ( ou pode ser) profícuo.
De preconceitos e falsos moralismos está o saco cheio

Ximbitane disse...

Poesia, Manhangane é a incarnação real da moçambicana atipica: não so apresenta os problemas como tenta soluciona-las! Admiro demais essa mulher, pelo que é e faz

Anónimo disse...

Manhangane, A Sra. escreveu: "Os outros não o fazem por falta de coragem... Mas podem crêr que eles gostavam de estar na pele de que(m) ousa faze-lo." Eu respeito a sua opiniao ou de qualquer outra pessoa, esta no seu pleno direito de opinar, mesmo que a sua seja o oposto da minha, mas, pode crer, de coracao e com toda a sinceridade, eu nao quereria mesmo e nunca quis jamais ter alguem a meu lado que fosse um miudo ou da idade dos meus filhos. A senhora pode responder por si, nao sou ninguem para condena-la, mas, no final do dia, "cada um come do que gosta", so que nao e justo fazer afirmacoes ou generalizar acerca de outrem. Um abraco com toda a fraternidade da Gloria de Matos

Anónimo disse...

Alinho com Jonathan. Bjs às mulheres

Ximbitane disse...

Mana Gloria, entendo perfeitamente o teu ponto de vista. Felizmente, para todos nos, este é um espaço aberto onde todos podemos exprimir nossas ideias sem limites.

Ainda assim, acredito também que neste mesmo espaço podemos, na medida do possivel, inculcar nas pessoas aquilo que achamos ser correcto, dai os debates, mas nunca tentarmos impor as nossas ideias.

Gostaria um dia, mana, de po-la em contacto directo com a Manhangane, vai ver que, tal como o diz de mim, é uma belissima pessoa.

Infelizmente a nossa realidade obriga a tomar certas posturas que a outros olhos nao sao bem vistas. Muitas mulheres gostariam de ter para companheiros o que o padrao social determina, homens mais velhos, mas se eles so tem olhos para as quatorzinhas, o que sobra?

Ximbitane disse...

Ainda bem que alinhas, Chacate, pois o Jonathan falou e disse!!!

JOSÉ disse...

Eu respeito sempre as opiniões e opções das outras pessoas, mesmo quando não concordo com elas, portanto, nada tenho a apontar à escolha (ou fantasia) da Manhangane e não entro em julgamentos, até admiro a sua fontalidade, o que questiono aqui é a sua insinuação de que todas as mulheres gostariam de fazer o mesmo, a minha observação pessoal é que isso simplesmente não é verdade! Do mesmo modo, embora aceitando que há gostos para tudo, também não é verdade que todos os homens se sintam atraídos pelas catorzinhas. Como sempre, penso que devemos evitar generalizações e estereotipos.