2010 foi-se (foi-se?), não sei, os minutos, as horas os dias passam, mas ficam sempre os momentos, esses nunca apagamos da memória, vão connosco seja onde for, por isso é que passamos de um ano ao outro carregados de retalhos dos anos anteriores.
Neste momento de transição e porque a hora é propícia para reflexão( ou pelo menos parece ser) deixo-vos com um texto da Lourena Massarongo.
Achei o texto interessante, não me perguntem porquê, não sei dizer!Só sei que lí e relí, não consigo comentar, até tentei mas não consegui. É que o tema é forte, full of traps...
Parecer ou Ser? O que é mais importante? Enquanto que o Parecer é uma imagem que se constrói a partir do que os outros pensam e esperam de nós, o Ser é intriseco, é a essência do que somos, e sem dúvida que o que somos e o que aparentamos são os pilares das nossas relações sociais.
Surge então a questão o que é mais importante? Parecer ou Ser?Basta apenas Ser? Sem precisar Parecer? Ou o contrário?
Leiam, vê-mo-nos em 2011, boas entradas a todos!
Não, não me enganei: queria mesmo dizer celebrando os nossos defeitos! E porquê não? Se mesmo lutando durante anos para mudar algumas coisas em nós próprios, pouco ou nada conseguimos (e ainda há quem se iluda tentando mudar outrém), concluo que somos chamados a conviver com os nossos próprios defeitos de forma diferente: celebrando-os!
Celebrar os defeitos significa, antes de mais, aceitá-los, que significa deixar de lutar contra eles e, finalmente, deixar de lutar contra eles significa começar, finalmente, a ser alguém! Alguém? Não: VOCÊ! Isso mesmo! Entenda-se que quando falo de defeitos, refiro-me aos que nós mesmos qualificamos como tal, isto é, àquilo que não gostamos em nós mesmos, coisas que gostaríamos de melhorar por e para nós mesmos! Digo isto porque considero que o que outros consideram como defeitos nossos, nem sempre o são: muitas vezes são expectativas que eles criaram a nosso respeito e esperam que nós correspondamos à risca aos rótulos que nos colocaram! Pudera! Nem eles são capazes de preencher as próprias expectativas como se atrevem a exigir mais de outrém?
Comecei por falar nos defeitos por serem evidentes e consensuais fontes de frustação mas, acreditem, as virtudes podem também constituir uma fonte de frustração! Quando disse enfrentando as nossas virtudes, também não me enganei! E porquê não? As nossas virtudes estão sempre lá, acenando para nós e, nós, não temos coragem suficiente para ir até elas!
É realmente assustador sermos nós mesmos se, ao mesmo tempo, procuramos ser aceites por todos (para os mais exigentes) ou pelas pessoas de quem gostamos (para os mais reservados)! Quantas vezes não fizemos/dissemos ou deixamos de fazer/dizer algo por medo de sermos rejeitados? Quantos de nós não se expressam/identificam/vestem como gostariam por temerem a rejeição? Quantos de nós estudam/trabalham em áreas que detestam mas o fazem para agradar os pais/porque está na moda/porque a “malta” acha a nossa vocação ridícula/não daria dinheiro suficiente para manter o nível de vida desejado (como se valesse a pena o sacrifício)? Isto é a expressão mais gritante do suicídio das próprias virtudes!
Parecemos elegantes, parecemos educados, parecemos letrados (esta é mais difícil embora alguns lá consigam chegar com alguns punhados de “portanto”), parecemos carinhosos, etc...
Não é assustador que sejamos tão cautelosos em gradear as nossas casas (com medo que nos roubem o mobiliário e eletrodomésticos que tanto show off nos proporcionam)/ colocar alarme nos nossos carrões (todos do último grito) e sejamos incapazes de usar o preservativo?
Quantos de nós, sedentos de aparências, mantemos o guarda-roupa em constante update, perfumes de top e restaurantes badalados, tudo isto à custa da alimentação, saúde, educação e alojamento condignos para nós próprios e para os nossos filhos?
Mas afinal, quem somos? Parecemos, não há dúvida! Mas somos? Seremos? Queremos ser?
Temos medo de não ser aceites como somos? Por quem? Pelas pessoas que nos amam? Pelas pessoas a quem amamos? Quem nos ama, aceita-nos incondicionalmente! Quem amamos, se não nos aceita como somos, não nos ama e, se nos não ama, não merece que desperdicemos o nosso amor nem as nossas virtudes e muito menos os nossos preciosos defeitos!
Entenda-se que, quando me refiro à aceitação mútua entre amantes, não excluo as cedências que concordamos em fazer para o equilíbrio das nossas relações; essas são incontornáveis, mas, com os devidos limites, salvaguardando sempre a identidade de todos e de cada um! Quando cedemos demasiado para manter alguém na nossa vida, perdemo-nos nós mesmos, mantendo esse alguém ligado a um estranho.
Convido-vos a abandonar o clube dos que parecem muita coisa e nada são; convido-vos a buscar em vós, todos os sonhos abafados, todos as esperanças sufocadas, todo o vosso “eu”! Afinal, todo este longo texto, era só para convidar-vos, imaginem, a SER ao invés de PARECER... "