Regra geral, as sogras são conotadas como sendo pessoas execráveis. Quando se fala de uma sogra, várias são as formas com as quais ela é designada. Umas, por serem carinhosas são designadas e tratadas por mães, outras em gozação, e talvez também pelo seu génio, são chamadas de víboras e um infindável leque de outros títulos venenosos.
Lidar com uma sogra é um momento de apreensão para a nora e, talvez, para a própria sogra e, algumas vezes, do filho da mesma. Mas afinal quem é uma sogra? Sogra é aquela mulher que gerou o homem que você hoje ama desalmadamente e que de toda a forma quer viver em paz e em tranquilidade.
A convivência nora e sogra é um momento de profunda tensão, sobretudo nos primeiros contactos em que tanto uma como outra, como se de animais se tratassem, procuram marcar o seu terreno. Se a sua mãe ainda a trata como “filhinha” porque a sua sogra não terá esse direito para com o seu filho?
Fulana: “
Eu e minha sogra nos damos muito bem, eu até acho que ela gosta muito de mim, pelo menos é o que parece. Já tivemos nossas desavenças, mas são coisas que já superamos, e agora nosso relacionamento é de mãe e filha!”
Beltrana: “
Gostaria que voltasse a ser como no começo: era uma verdadeira maravilha. Mas agora, está um horror. Aliás, faz muito tempo que não vou na casa dela, evito encontrá-la. Ela mudou muito comigo.”
Sicrana: ”
Eu e a minha vivemos um dilema: ela não gosta de mim. Acho que tem ciúmes ela e diz que eu sou metida e mimada.”
Bom, esse tem sido o teor de conversas entre mulheres, no lado muito suavizado da coisa pois, jararaca (influência das novelas brasileiras), feiticeira, metida, cobra, bruxa, guardiã do Inferno, urubu, verme, maldita, chata, etc., têm sido os termos, também veneníferos, com que se designa a mãe do nosso mais-que-tudo. Portanto, as sogras têm sido alvo de verdadeiras patetices, alcunhas e
piadinhas de muito mau gosto quer por parte dos genros como das noras.
Mas o que leva a que as sogras seja estampado tantos predicados negativos? Entre outros, sem querer, elas acabam, como qualquer um, excedendo-se e metendo os pés pelas mãos muitas vezes esquecendo-se, por exemplo, que já não estão na posição de mãe mas de avó. E o pior de tudo, é que acabam se esquecendo que a nora é maruja de primeira agua enquanto que elas já sobreviveram a vários maremotos.
A grande preocupação das sogras é de verem os seus filhos bem casados, com mulheres que os amem e que deles bem cuidem. Outro receio de muitas sogras, é o de verem os recursos dos filhos (salário e outros rendimentos) passarem para o beneficio da família da nora em detrimento da sua, algo que pode acontecer se este tiver posses, souber salvaguardar o interesse de todos e distribuir equitativamente o mal por todas as aldeias.
Na sociedade moçambicana, aquando do celebração de casamentos, quer sejam civis ou tradicionais, vulgo
lobolo, às futuras noras, numa cerimónia denominada
kulaya ou aconselhamento, são orientadas a respeitarem e a tratarem as mães de seus maridos como se de suas próprias mães se tratassem. O acatamento dos ensinamentos desta cerimónia tem sido fundamental para a convivência pacifica no novo lar se as recém casadas souberem dobrar-se e impor-se quando necessário.
Aliás, regra geral, quando uma mulher, sobretudo as que vivem em casa de suas sogras, visto que é extremamente difícil ter casa própria hoje em dia, comporta-se mal diante da sogra ou dos restantes membros da família o comentário/questão que se ouve é “
está não foi layada”, devidamente aconselhada ou faz pouco caso dos conselhos que seguramente a família primeira transmitiu.
Outrossim, o facto de sermos mulheres que se dizem esclarecidas pelos anos de banco na escola, sermos independentes financeiramente e um sem fim de outros factores que jogam para que sejamos as tais, aliados aos preconceitos em relação as sogras, fazem com que o nosso relacionamento com estas nem sempre seja um mar de rosas. Mas, ter uma convivência pacifica com a sogra, não importa quão elevados são os problemas por estas causados, não é muito difícil: requer apenas um jogo de cintura que só mulheres que sabem amarrar capulana o podem fazer.
Do mesmo jeito que você prepara o tempero de uma salada, na interacção com a sua sogra, combine firmeza, amabilidade, paciência e mão firme. Se, por exemplo, vocês não vivem juntas e a visita dela é assídua, não a receba de má vontade, mas dê a entender que, apesar de ela ser muito bem-vinda, gostava de ter mais tempo para estar com o seu núcleo familiar. E faça o favor de a visitar também para que ela não se sinta jogada no lixo.
Se o assunto são os seus filhos, se ela ralhar com eles, mantenha a calma e o sentido de humor, afinal foi ela quem educou o seu queridinho e, de vez em quando, não faz mal nenhuma as crianças saberem que da avô não vem só mimos. Entretanto, se rivaliza pelas crianças, imponha as suas próprias regras e diga-lhe que ninguém gosta mais dos seus filhos do que você, mas tente fazê-lo sem se aborrecer.
Se ela a ignora, não referindo o seu nome ou não dialogando consigo, diga-lhe com tranquilidade que essa atitude a incomoda, mas evite os maus modos, afinal as verdades são para ser ditas e não vale a pena passar a vida a engolir sapos. Por último, reveja os seus conceitos de sogra e trate a sua sogra como no futuro gostaria de ser tratada pela sua nora...