quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

2009

Toma-me.
A tua boca de linho sobre a minha boca Austera.
Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me

Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute
Em cadência minha escura agonia.
Tempo do corpo este tempo. Da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.


E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.
Te descobres vivo sob um jogo novo.


Te ordenas. E eu delinqüescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada Ilharga
Na cálida textura de um rochedo.
Devo gritar Digo para mim mesma.
Mas ao teu lado me estendo Imensa


De púrpura. De prata. De delicadeza.

Hilda Hilst


Desculpem-me os mais moralistas pela ousadia da imagem. Mas o objectivo do post é exactamente esse... Quero viver o novo ano assim...INTENSAMENTE!!!
Bjs meus

4 comentários:

AGRY disse...

Neste momento, em milhões de leitos de casais religiosos, seria possível obter um instantâneo semelhante a este.
A imoralidade está subjacente ao post? Como assim?
Por detrás dos biombos dos desejos reprimidos oculta-se a hipocrisia?
Esta postagem surgiu em horário nobre?
De prata, de delicadeza?
Beijos

Unknown disse...

Kambe hi wina!... kkk mas foi numa boa hora faça melhor proveito de 2009. bjs

Daniel Costa disse...

Avid

Mira-se o pedaço, que ilustra o espectacular poema de Hilda Hilst, olha-se a mistura explosiva, com ganas de entrar em guerra.
Beijinhos,
Daniel

Ximbitane disse...

Avid, nha linda, parece que vamos no mesmo diapasao: também quero viver intensamente cada dia deste ano e de todos os outros que hao-de vir, hehehehehe, espero estar presente em muitos mais anos.

Os moralistas que continuem assim, afinal temos que ser diferentes. Viver na plenitude, de forma alguma significa ser devasso, o que nao impede de por vezes deitar umas gotas de imoralidade nesta vida sem sabor!

Avante, e que vivamos intensamente